O Angelus: Oração de Devoção pela Encarnação

Você talvez reconheça a imagem acima? É uma pintura famosa sobre uma oração famosa: O Angelus! Nesta obra do século 19 do pintor francês Jean-François Millet, um casal de agricultores reza o Angelus ao anoitecer.

Esta oração é bem adequada ao tema do artista: duas pessoas humildes prestando homenagem a Nosso Senhor e Sua Mãe Santíssima na Ave Maria, bem como em versos do Evangelho que relembram Sua Encarnação como o Verbo entrou no Mundo. Seu nome vem de suas palavras iniciais em latim, “Angelus Domini nuntiavit Mariæ”.

V. O anjo do Senhor declarou a Maria.
R. E ela concebeu do Espírito Santo.
 Ave Maria, cheia de graça,
O Senhor é contigo;
Bendita és tu entre as mulheres,
E bendito é o fruto do teu ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora de nossa morte. Amém
V. Eis a serva do Senhor.
R. Faça-se em mim segundo a tua palavra.
 Ave Maria, etc.
V. E o Verbo se fez Carne.
R. E habitou entre nós.
 Ave Maria, etc.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
REZEMOS
Derrama, nós Te suplicamos, Ó Senhor, Tua graça em nossos corações, para que nós, a quem a Encarnação de Cristo Teu Filho foi feita conhecida pela mensagem de um anjo, possamos por Sua Paixão e Cruz sermos levados à glória de Sua Ressurreição . Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Amém.

Esta oração maravilhosa evoluiu de uma recitação de três ave-marias seguindo um sino noturno por volta do século 12 até sua forma atual (com recitações pela manhã e ao meio-dia) no século 16.

Quando orado em grupo, um líder recita os versos e todos recitam as respostas e a Ave Maria entre cada verso, como mostrado acima.

Embora o Angelus seja tradicionalmente rezado três vezes ao dia, às 6h, meio-dia e 18h, você pode rezá-lo a qualquer hora! Ainda é acompanhado pelo toque de um sino (o sino do Angelus) em alguns lugares como a Cidade do Vaticano e partes da Alemanha e Irlanda. A oração de Regina Coeli (que também pode ser cantada como hino) substitui o Angelus durante a época da Páscoa.

O Angelus nos lembra da Anunciação (mostrada nesta famosa versão à esquerda de Fra Angelico), quando o anjo Gabriel apareceu a Maria com grandes, (embora um tanto surpreendentes), notícias!

Conforme lemos no Capítulo Um do Evangelho de Lucas, (Lucas 1: 26-38) Deus desejou que Maria, verdadeiramente um modelo de humildade, fosse a mãe de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo!

Seu desejo por ela traz à mente a frase do evangelho de Mateus: “O que a si mesmo se humilha será exaltado” (Mt 23:12).

Maria foi a escolha perfeita. Ela nasceu sem a mancha do pecado original, conforme definido pelo dogma da Igreja da Imaculada Conceição. (Observe que a Imaculada Conceição se relaciona com a concepção de Maria , não de nosso Senhor.)

Quando Maria se autodenomina serva, serva do Senhor, no Angelus (de Lc 1,38), é com inspiradora humildade e sinceridade. Quantos políticos vemos hoje que falam um bom jogo sobre serviço, mas basicamente só querem criar seus próprios pequenos feudos e invadir o pote de biscoitos público? Ou quantas outras demonstrações insinceras de humildade vemos na TV ou em nossa vida diária?

A humildade de Maria era genuína. Como observa Santo Afonso de Liquori em sua obra clássica As Glórias de Maria, “seu único desejo era que seu Criador, o doador de todas as coisas boas, fosse louvado e abençoado”.

Ela se considerava antes de mais nada como uma serva de Deus, buscando glória não para si mesma, mas antes para ele. Ao fazê-lo, ela se tornou, como disse Santo Agostinho poeticamente, uma “escada celestial, pela qual Deus veio ao mundo”, descendo do céu à terra, para se tornar carne em seu ventre.

Maria ficou feliz por Deus trabalhar por meio dela . Como ela o expressou de forma mais famosa no cântico Magnificat , “A minha alma engrandece o Senhor e o meu Espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1, 46-47). São Paulo repetiu este sentimento maravilhoso quando escreveu que “quem se gaba, glorie-se no Senhor” (2 Cor 10,17).

O Angelus presta homenagem a um aspecto crucial do papel de Maria na Encarnação, ao citar o Evangelho de Lucas “faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

Este maravilhoso evento não poderia ter acontecido sem seu consentimento, sem o que é conhecido como seu fiat . Ao dizer “sim” a Deus ao permitir-se tornar-se sua mãe, ela nos mostrou o melhor exemplo de confiança em nosso Criador!

Você acha que ter esse tipo de fé é uma tarefa muito difícil? Pense nas maneiras pelas quais Deus chama cada um de nós em nossa vida diária. Dizemos “sim” quando Cristo deseja operar através de nós, mostrando Seu amor aos outros?

Ou quando Ele nos pede para sermos graciosos em situações difíceis? A oração e meditação na Palavra de Deus nas escrituras podem nos ajudar a fazer a Sua vontade.

Falando da palavra de Deus, o Angelus completa o seu breve resumo da Encarnação com a comovente referência do Evangelho de João a nosso Senhor: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).

Conforme lemos na carta aos Hebreus, Cristo era como nós em todas as coisas, mas sem pecado (Hb 4:15). São Bernardo observou que nosso Senhor veio para nos mostrar Seu amor para que Ele pudesse então experimentar o nosso.

Os versos que se seguem sobre ser dignos das promessas de Cristo também se encontram no Rosário e se relacionam bem com o que se segue: um apelo à graça de Deus para nos ajudar em nossa peregrinação de fé.

Jesus nos amou o suficiente para morrer por nós para que pudéssemos viver com Ele eternamente! Quando rezamos o Angelus com humildade e amor, estamos imitando a fé de Maria em Sua bondade.

Somos abençoados porque podemos pedir a Deus e a Sua Mãe Santíssima ajuda em nossa jornada para a Vida Eterna!